Perdoam-me os empiristas, mas eu sou inatista. Contrariando toda a empiria: nada existe de verdadeiro nos sentidos se não tiver passado primeiro no intelecto. Não é o corpo que pensa, mas a mente; é esta que quando não reflete faz o outro padecer. As experiências são válidas apenas a nível pessoal, prático, de senso comum; mas é no pensamento bem trabalhado e organizado que acontece o método seguro e o infinito de possibilidades.
Não sou contra os sentidos; mas eles são apenas objetos ideados e comandados pelo sujeito da razão. É no mundo das ideias que as coisas, embora subjetivas, se tornam mais concretas, duradouras e mais próximas do universal. Não é o corpo que duvida, é a mente. Tudo passa antes pela fôrma racional, até mesmo o sabor acre de uma fruta que se degusta, ou um aroma doce de um perfume que se inspira, ou ainda um som grave da voz agradável que se ouve, e o sentido suave na mão daquele que sua visão não é capaz de assistir. É na mente que todo o real e imaginário se reproduzem. É ela que faz o corpo sentir.
Quando eu agia movida pelo “eu sinto” com os meus cinco sentidos, errava mais, por deixar as ações em desequilíbrio. Hoje movida pelo cogito de Descartes, eu penso, duvido, pergunto, questiono, interiorizo; recolho-me, exteriorizo, mesmo que depois eu extravase, antes penso se vale; se “penso, logo existo”. Sei, então, que posso controlar qualquer um dos meus instintos. Não que eu tenha perdido minhas sensibilidades, ainda guardo em mim um quê de sensível; apenas sei que é simples o complicado, é na razão que está a felicidade e onde tudo começa a fazer maior sentido.
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