Sou fã de filosofia, literatura nem tenho como explicar o quanto amo!, psicologia... Ah! É mágico...
Eu adoro Aristóteles, mas gosto em especial de Platão. Este foi um dos maiores filósofos que já conheci, um homem sensível, embora voltasse suas ideias para um mundo racional.
Platão tinha toda razão...
Mas quando ele mencionava a mediocridade dos poetas de sua época, não imaginava que a visão acerca desse mundo de alienação serviria muito bem ao nosso senso comum do século XXI, nem sonhava que a sua história sobre os homens da caverna, em seu livro A República, mencionaria nosso mundo atual, Platão era mesmo um gênio; e agora sei que ele não falava dos poetas.
Saramago disse algo que me fez pensar, além de analisar, que nunca se viveu antes a caverna de Platão como se vive hoje. Ela continua dialogando com o tempo atual sim. Os homens descobriram coisas, curas, meios novos de se comunicar, evoluíram, desenvolveram-se em suas habilidades, tentaram manipular o tempo, não pararam de competir, mudaram fatos na linguagem, continuam brincando de ser Deus e desaprenderam o verbo conhecer. Quanto mais o ser humano “aprende”, muitas das vezes, ele se fecha na caverna de Platão, um dia abandonada pelos homens daquela época, esperando para abrigar, em suas ignorâncias, os de atualmente.
Não há tempo para nada; sobram estímulos, e falta reflexão; não existe mais tempo para olhar a chuva cair, admirar pássaros cantar, ninguém mais repara na fotossíntese, não abraça uma árvore, não tem o prestígio de sentir o aroma de uma flor; até o sol se põe escondido, e não é possível olhar mais arco-íris. Está faltando amor.
Não há tempo para coisas simples; as pessoas só se preocupam com contas a pagar, outras pessoas a derrubar, inventam várias novas grifes, surgem tantas outras ideias inúteis, que fabricam coisas também inúteis, as quais, em muito curto tempo, serão esquecidas num canto da casa, pois já ficaram ultrapassadas.
Sobram futilidades e falta tempo para os gestos nobres, aqueles que renovam os ânimos e evitam contradições: um sorriso, um beijo e abraço abnegados, um ouvido, um ombro amigo, uma palavra de consolo, um ato de carinho, um olhar ao nada, um bom dia ao sol, um momento de poder deitar na grama e vadiar. O homem tem tudo e não tem nada; porque o que precisa mesmo é o que lhe falta.
O cão não fala porque não pode, e o homem fala o que não cabe; vive se dizendo dono das verdades, sofre por ansiedades e gostam de fazer inimizades.
O homem, dentre todos os outros animais, é privilegiado pela liberdade da linguagem, mas a privam, usam a língua de forma indigna, deturpam, inventam, caluniam, matam, roubam, tripudiam, e causam todos os tipos de violência, apenas para fazer valer sobre outros homens suas certezas... O mundo está cheio de violências. Está faltando tempo para reconhecer as virtudes. O homens desaprenderam o verbo respeitar.
O homem já se acostumou a apontar defeitos, e imaginar, e fazer todos os outros seus acreditarem que tudo é defeito, quando o mundo poderia ser sim um mundo perfeito. Porque o homem renega a luz por medo de corrigir um erro, aceitando continuar passeando pela escuridão. Está sobrando vaidades e estão invertendo os espelhos.
Platão não é mais corpo, mas deixou-nos de legado A Caverna como exemplo para que possamos refletir como somos ignorantes.
Cris Calheiros