quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Caverna de Platão

Sou fã de filosofia, literatura nem tenho como explicar o quanto amo!, psicologia... Ah! É mágico...
Eu adoro Aristóteles, mas gosto em especial de Platão. Este foi um dos maiores filósofos que já conheci, um homem sensível, embora voltasse suas ideias para um mundo racional.
Platão tinha toda razão...
Mas quando ele mencionava a mediocridade dos poetas de sua época, não imaginava que a visão acerca desse mundo de alienação serviria muito bem ao nosso senso comum do século XXI, nem sonhava que a sua história sobre os homens da caverna, em seu livro A República, mencionaria nosso mundo atual, Platão era mesmo um gênio; e agora sei que ele não falava dos poetas.
Saramago disse algo que me fez pensar, além de analisar, que nunca se viveu antes a caverna de Platão como se vive hoje. Ela continua dialogando com o tempo atual sim. Os homens descobriram coisas, curas, meios novos de se comunicar, evoluíram, desenvolveram-se em suas habilidades, tentaram manipular o tempo, não pararam de competir, mudaram fatos na linguagem, continuam brincando de ser Deus e desaprenderam o verbo conhecer. Quanto mais o ser humano “aprende”, muitas das vezes, ele se fecha na caverna de Platão, um dia abandonada pelos homens daquela época, esperando para abrigar, em suas ignorâncias, os de atualmente.
Não há tempo para nada; sobram estímulos, e falta reflexão; não existe mais tempo para olhar a chuva cair, admirar pássaros cantar, ninguém mais repara na fotossíntese, não abraça uma árvore, não tem o prestígio de sentir o aroma de uma flor; até o sol se põe escondido, e não é possível olhar mais arco-íris. Está faltando amor.
Não há tempo para coisas simples; as pessoas só se preocupam com contas a pagar, outras pessoas a derrubar, inventam várias novas grifes, surgem tantas outras ideias inúteis, que fabricam coisas também inúteis, as quais, em muito curto tempo, serão esquecidas num canto da casa, pois já ficaram ultrapassadas.
Sobram futilidades e falta tempo para os gestos nobres, aqueles que renovam os ânimos e evitam contradições: um sorriso, um beijo e abraço abnegados, um ouvido, um ombro amigo, uma palavra de consolo, um ato de carinho, um olhar ao nada, um bom dia ao sol, um momento de poder deitar na grama e vadiar. O homem tem tudo e não tem nada; porque o que precisa mesmo é o que lhe falta.
O cão não fala porque não pode, e o homem fala o que não cabe; vive se dizendo dono das verdades, sofre por ansiedades e gostam de fazer inimizades.
O homem, dentre todos os outros animais, é privilegiado pela liberdade da linguagem, mas a privam, usam a língua de forma indigna, deturpam, inventam, caluniam, matam, roubam, tripudiam, e causam todos os tipos de violência, apenas para fazer valer sobre outros homens suas certezas... O mundo está cheio de violências. Está faltando tempo para reconhecer as virtudes. O homens desaprenderam o verbo respeitar. 
O homem já se acostumou a apontar defeitos, e imaginar, e fazer todos os outros seus acreditarem que tudo é defeito, quando o mundo poderia ser sim um mundo perfeito. Porque o homem renega a luz por medo de corrigir um erro, aceitando continuar passeando pela escuridão. Está sobrando vaidades e estão invertendo os espelhos.
Platão não é mais corpo, mas deixou-nos de legado A Caverna como exemplo para que possamos refletir como somos ignorantes.
Cris Calheiros

sábado, 7 de maio de 2011

Ler e Escrever

Ler é levitar, escrever é respirar.
Ler é buscar no indeterminado o  lugar certo, o caminho ideado;
Escrever é gritar forte sem fazer ruído e barulhar no silêncio.
Ler é poder mutar-se através de milésimos, independente dos milênios.
É deixar de ser e descobrir-se ser,
É ser o que se é e o que se quer desejar ser,
É respirar profundo e relaxar fundo,
É ter o poder de mudar o mundo.
Escrever é descarrego,
É saber o que se diz sem imaginar o que dirá,
É adivinhar sobre outros sem notar nem pretender,
É viajar sem se mexer,
E dominar sem sair do lugar.
Ler é Oxigênio trabalhando,
Escrever é sangue jorrando...

Cris Calheiros

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pedido da Natureza

Hoje meu coração chora, meu peito sangra; minha garganta já destruída ainda grita por teu nome; mas teus ouvidos não escutam a voz mais doce, mais pura, mais serena; a minha; a voz que berra tua atenção; mas tua distração te deixa cada vez mais ausente aos meus claros problemas.
Hoje eu não sou mais a mesma, mas a grandeza do meu verde ainda consegue unir forças para regenerar-me; e é então que eu preciso transmutar o bem que te ofereço para o mal que eu necessito fazer-te; necessito defender-me de tuas mãos impiedosas, e teus pensamentos gananciosos.
Hoje eu queria poder ser a tua mais límpida respiração; mas diante das circunstâncias apresentadas pelo teu desrespeito; eu tenho como resposta as pragas;
Hoje eu queria saciar tua fome sem que tu precisasses gastar demais; mas são tantos os venenos aos quais tu me ofereces; que só me resta dar a ti os alimentos alterados e muitas das vezes nocivos;
Hoje eu gostaria que tu pudesses pisar-me descalço com leveza; e levasses de mim um pouco da calma e da energia renovadora que só eu possuo; mas teus sonhos evolutivos não me deixam outra alternativa a não ser a de fazer-te estressante perante a tanta poluição;
Hoje eu gostaria que o sol não queimasse tanto e tu pudesses ter um lugar tranqüilo, aonde de mim terias a proteção; mas tuas vontades financeiras levaram minhas sementes; e não pude dar-te frutos nem sombras; esqueceras de me renovar.
Hoje eu desejaria muito que as fortes chuvas não destruíssem tuas casas e tivesses um lugar quentinho pra se abrigar e esconder das tempestades; mas a tua vaidade, falta de cuidado comigo, e a sujeira que tu fazes só me deixou a alternativa de me rebelar; porque se assim não fizer eu morrerei um dia; é urgente que eu me reequilibre.
Hoje eu só queria que tu me olhasses e percebesses que eu te amo; tu és parte de mim; e para toda ação há uma reação; e se não fizeres algo para me ajudar; eu não poderei salvar-te.
Ass.: Mãe Natureza!
12 novembro de 2009
Cris Calheiros

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Anagnórise


O Significado Real do Amor

O significado real do amor.

A palavra amor tem um significado amplo. Há quem diga não haver como definir; muitos dizem apenas poder sentir. Amor pode aparecer na compaixão destinada a outro ser; pode estar na afeição que se sente pelos filhos, na misericórdia dispensada a um irmão. O amor pode ser ingrediente da paixão, daquela cheia de apetite, do desejo e da libido. Ele ainda pode se dar na satisfação sentida pelas vitórias alheias, pela certeza dos amigos; num simples querer bem desinteressado e inibido.
O amor é certo de ser ele um grande vínculo; está na face oculta de Deus, na vida, naquele e seu afim; é ele, uma semente existente em todos os seres; não importa se seja amor do grego ou latim. Amor sempre será divindade, e impossível de realidade; pois estará sempre em tudo o que é essencial. O amor é fundamento, fundamental.
O amor pode ser a falta, de Platão, quando o amante procura no amado as fantasias, das idéias e verdades que o outro não possui. Mas pode estar como os pensamentos de Sócrates, sendo a única coisa possível de se entender, falar e sentir.
O amor é permitido quando passar despercebido; e da natureza se sente aquilo que não se planejou por outro ser, seja ele quem for. O amor vem das almas quando retrata Eros e Psique, neste se mesclam espírito e prazer. Mas pode, assim, o amor esperar algo em troca; ponderado entre prós e contras antes de se comprometer.
O amor pode ser carinho, altruísmo, reciprocidade e compromisso; e se misturar entre tantos adjetivos e substantivos; pode alterar os ritmos cardíacos, mas será sempre um empenho a fazer. De certo que o amor é mais, muito mais do que eu ou você.
Mas analisando a fundo a palavra amor, separando suas sílabas, tem este sentimento um claro sentido, um significado oculto, A – mor. A é negação, ausência e é prefixo. Sem A, mor é grande, diminutivo de maior, pode ser um nome. Sem mor, “A” é letra de nome, pode ser mínimo, solidão, abnegação.
Por isso, amor é a ausência do egoísmo, negativa para o ódio; o perfume do espírito. O Eu sem “A” é maior, o Eu com “A” é um risco. Embora profundo, o amor é sereno, discreto e rijo. O amor acontece de fora pra dentro, mesmo que seja num pequeno suspiro. Ele é o paradoxo de seu maioral quando quem o sente torna-se grande e ausente. Amar é negar a si mesmo, para entender o outro; é dividir-se em muitos, é multiplicar-se em tantas lembranças; e tatuar diversos corações apenas com gestos bastante simples.



Cristiane Calheiros